sexta-feira, 23 de março de 2012

Doar a Si Mesmo

Pelo fato de ser cobrador de impostos, Zaqueu era um homem evitado, desprezado por seu povo. No entanto, ao ficar sabendo de Jesus desejou vê-lo, mas acreditava ser inconcebível que Jesus conversasse com ele. Subiu então numa árvore para ver Jesus e qual não foi sua surpresa quando o próprio Senhor disse que iria a sua casa para fazer refeição com ele.
Jesus lhe restitui a honra perdida ficando com ele em sua casa e partindo com ele o pão “se alguém ouvir a minha voz e me abrir à porta, entrarei em sua casa e cearemos” (Apoc 3,20) O amor de Jesus vence o coração de Zaqueu. O que não conseguiram seu povo através do desprezo e da censura, Jesus o conseguiu através do amor. Diante de tamanho amor Zaqueu reconhece sua culpa, muda de vida e entra no reino da doação de si mesmo. “E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; e eis que se fizeram novas” (II Cor 5,17).
O amor sempre desinstala o homem, o tira de si mesmo e o leva a amar. Não foi assim também com a samaritana, com Madalena, com Bartimeu, com Levi e com tantos outros?! Por outro lado, diante desta mesma misericórdia de Jesus, vivida com tantos sinais de amor em tantas cidades, tantos outros continuaram a viver para si mesmos.
Nós somos livres para escolher o chamado divino de entrar no reino da doação de si mesmo, a escolha é nossa. Infelizmente para o homem moderno, ser livre significa freqüentemente poder renunciar de toda autoridade, limites e regras. Mas para nós, ao contrário, só se pode encontrar a liberdade em uma submissão a Deus. Nossa liberdade é na verdade, proporcional ao amor e a confiança que nos une a Ele. Quando fazemos a experiência de nos entregar a Deus sem reservas, desejando fazer sua vontade, em troca, experimentamos o sentimento de gozar de uma imensa liberdade, que nada neste mundo pode nos roubar. “É para sermos verdadeiramente livres que Cristo nos libertou” (Gal 5,1).
Assim se expressava Joseph Ratzinger, hoje nosso Papa Bento XVI em sua “Introdução ao Cristianismo” a historinha do “Joãozinho feliz”. “Como ele achasse por demais pesada e incômoda a barra de ouro que ganhou, trocou-a primeiro por um cavalo, depois trocou o cavalo por uma vaca, a vaca por um ganso e o ganso por uma pedra de amolar e mesmo esta acabou lançando na água, pois não se dava conta do prejuízo, pelo contrário: achava que tinha ganho, finalmente, o dom precioso da liberdade completa”. Quantas pessoas trocam a barra de ouro de submissão à vontade de Deus por uma falsa idéia de liberdade.

Eduardo Moreira
Fundador da Comunidade Católica Sacramento de Amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário